quinta-feira, 23 de julho de 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

"Esse tal de rock enrow" [editado]

Rock: estilo musical surgido há umas décadas atrás, quando inventaram a guitarra elétrica. Quem gosta de rock se veste só de preto, usa tatuagem, não é religioso, não tem futuro. No rock não existe um jeito certo de dançar e existem dentro dele vários gêneros que vão desde o metal até o alternativo (este sendo um termo equivalente à virose na medicina, quando o médico não tem certeza do que o paciente tem na verdade).
O rock não é apenas um estilo musical, mas um estilo de vida. Quem gosta de rock não gosta de pagode ou sertanejo. Quem gosta de rock é mal. Quem gosta de rock se alimenta de porcarias e tem uma vida desregrada. O rock é como se fosse uma religião cujo maior objeto de adoração são os caras que produzem os riffs mais barulhentos em suas guitarras.

Claro que nem tudo isso é verdade.
Claro que rock não é (bem) isso.
O rock pode (também) ser definido como:

Rock é antes de tudo, som. Mas não é apenas um tipo especial de música, de compasso ou de ritmo. Restringi-lo a isso é não reconhecer sua profunda penetração numa parcela (cada vez mais) significativa das sociedades ocidentais. O rock é muito mais do que um tipo de música: ele se tornou uma maneira de ser, uma ótica da realidade, uma forma de comportamento. O rock é e se define pelo seu público. Que, por não ser uniforme, por variar individual e coletivamente, exige do rock a mesma polimorfia, para que se adapte no tempo e no espaço em função do processo de fusão (ou choque) com a cultura local e com as mudanças que os anos provocam de geração a geração.
Estudar o Rock é procurar compreender os movimentos da mentalidade. É tentar descobrir no coletivo as razões interiores que motivam à participação (ou à alienação), é entender melhor porque fazem aquilo que fazem os movimentos jovens. Num momento da vida de extrema riqueza de questionamento dos valores, embaraçam linhas cujo fio da meada pode ser vislumbrado, com grande facilidade, num som eletrificado.
Nas palavras de Elvis: "É difícil explicar o rock'n'roll... É uma batida que te pega. Você o sente."

Trechos em itálico são do livro "O que é rock?", de Paulo Chacon. Editora Brasiliense, São Paulo, 1983.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pablo Neruda

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Bem simples

As pessoas buscam a felicidade plena. Os contos de fadas sempre terminam com o velho “...e viveram felizes para sempre”. Eu não quero viver feliz para sempre. Ninguém vive feliz para sempre. No máximo sobrevive. Não quero isso. Quero antes os problemas a serem resolvidos, mas também a certeza da companhia da pessoa amada.
Quero uma vida normal (e o que é normal?).
Quero a felicidade diária, presente nas pequenas coisas, nos momentos mais singelos.
Quero poder olhar nos olhos e me sentir segura.
Quero ter a certeza de que somos livres para seguirmos nosso caminho separadamente caso não nos sintamos mais à vontade juntos.
Não quero cobranças nem cenas de ciúme. Não quero sentimento de posse nem sobreposição de egos.
Quero ter a certeza de estar ao lado de quem realmente me quer do seu lado.
Quero ser compreendida através de um olhar quando as palavras me faltarem. E também quero a confiança num abraço acalantado.
Não quero ser vista por fora, quero antes ser observada por dentro.
Mais do que sair toda arrumada para uma noite de gala, quero uma tarde de sol com os pés no chão.
Não basta a mansidão da paz; quero também conflitos nos quais possa haver a busca do entendimento, do esclarecimento, da compreensão mútua enfim.
Se conseguir encontrar isso, então não vou querer mais nada...

Faz muito tempo que escrevi isso, mas agora deu vontade de publicar. É que eu acho que finalmente encontrei!