domingo, 5 de junho de 2011

Pensando sobre a Escola

Tô cheia de planos na cabeça pra trabalhar com os alunos. Faz tempo que os tenho na cabeça... mas quando me deparo com eles tudo some, desvanece. O problema são eles? Não! Não pode ser possível.


Cheguei a conclusão de que eu, assim como os alunos, estou cheia da escola. Não da escola onde estou, mas da instituição escolar como ela funciona hoje e há séculos. Ela foi criada com um objetivo que já não é mais o mesmo hoje. Se um dia a escola foi tida como responsável por perpetuar os conhecimentos adquiridos pela inteligência humana ao longo dos tempos, hoje esse não é mais seu papel, ao menos não principal. As informações e até os conhecimentos (porque estes não?) estão disponíveis em milhões de outros lugares que não a escola, acessíveis para quem as quiser.

Educação moral já não é mais matéria escolar, embora faça parte dos temas transversais ou do currículo invisível... porém isso não é o objetivo específico. Qual é a função da escola? O que a escola quer? O que foi visto no curso de formação promovido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo é que a proposta agora é ensinar competências. Sim, uma proposta interessante, bonita, até. Mas como é que se pode implementar uma mudança tão fantástica se a estrutura física permanece sendo a mesma de um século atrás?

Como vou ensinar competências numa sala quadrada onde há no mínimo trinta e cinco alunos totalmente diversos matriculados, alunos estes com ritmos de aprendizagem diferentes, conhecimentos prévios diferentes, bagagem cultural dieferente e tudo isso em intervalos de 45 a 50 minutos por três vezes semanais?

Fica difícil.

Se minimamente houvesse uma mudança estrutural na escola - tô falando mesmo de mudança arquitetônica! - tenho certeza de que as coisas seriam diferentes. O problema é que toda a rede pública está abrigada num conjunto de milhares de construções do século passado, cujo processo de construção levou muitos anos e seria um desperdício de dinheiro público destruir tudo para reconstruir com uma configuração mais moderna em nome de uma mudança na qual nem todos apostam...

Bom, penso nisso o tempo todo e nessas acabo não fazendo nada de concreto por uma mudança real, porque me vejo dentro da sala de aula tão presa quanto os alunos.