domingo, 19 de setembro de 2010

Sou careta, me embebedo de rock!

Quem me conhece sabe que nunca fui de frequentar assiduamente as noites paulistanas. No entanto, um convite de uma amiga para ir conhecer com ela um lugar na Vila Madalena famoso pelo famoso nome de um famoso vocalista de uma famosa antiga banda - Morrison - me fez sair de casa numa noite de sábado que contava com cerca de não mais que 12 graus de temperatura acrescidos da sensação térmica de uns dois graus, dada pelo vento cortante e constante.

Pois bem, saí de casa. Uma fila pequena não deixou que as expectativas crescessem tanto, assim, me surpreendi muito mais do que me decepcionei. Já tinha ouvido falar muito desse lugar e o que encontrei não ficou a dever em relação ao que eu imaginava. Um lugar aconchegante, tocando música boa o tempo todo (rocks de todos os tempos, mas principalmente anteriores aos anos 2000, ufa!) intercalando com blocos de uma banda ótima (Rockstock, muito boa mesmo!) tocando ao vivo e botando a galera pra pular, atendimento simpático, banheiro limpo!

Mas o que me faz escrever esta postagem não é o lugar onde fui. O que me fez ficar pensativa foi como as pessoas saem de suas casas numa noite fria para simplesmente encher a cara e perder a noção. Eu também gosto de beber um pouco, mas não curto ficar bêbada. Não prego nenhum tipo de moralismo, nem mesmo prego a sanidade mental (que nos dias de hoje é tão fácil de ser perdida ou esquecida). Mas sei lá, fico pensativa vendo que as pessoas estão à procura de se perder simplesmente, de perder o prumo, de sumirem de si mesmas, de não saber direito o que estão fazendo nem com quem. Curtição é ficar bem louco, é cair no banheiro e vomitar o álcool que o estômago rejeita.

Eu ainda prefiro viajar no som, nos acordes que aqueles caras tiravam fazendo covers tão fiéis que me sentia num show diferente em cada música (era como estar no show de cada uma das bandas tocadas). Sou babaca, sou careta, mas me lembro de tudo que fiz, das pessoas que vi, de com quem falei e principalmente de como cheguei em casa e, até agora, isso me tem sido suficiente.

domingo, 12 de setembro de 2010

Palanque

A voz. O povo. A promessa. A indignação. As palmas. O absurdo. A retórica. A ação. A encenação. O ovo. O rosto. A velocidade. O impacto. A casca. A quebra. A sujeira.

A vergonha, não.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Anotação para meu psicoterapeuta imaginário

Não sei lidar com o tempo. Não sei explicar o que acontece. Esse ritmo frenético de constante conexão pelos meios tecnológicos (internet, celular) me faz sempre ficar pra trás, sem perceber o quanto o tempo passa rápido e eu já estou há meses sem falar com pessoas que eu gosto.

E o que acontece é que quando vou tentar contato, percebo que a coisa soa artificial, porque parece que algo ficou adormecido, ou desligado. Dá uma sensação como se as coisas acontecidas durante o tempo de afastamento tivessem tornado os interesses incompatíveis... a conversa não engrena no mesmo ritmo, as piadas já não acontecem do mesmo jeito, nem a fala é mais parecida com o que era antes, será que ainda posso usar aquele apelido?

Me sinto muito mal por não conseguir levar a vida de um jeito normal - ou próximo do comum, já que até hoje ninguém conseguiu definir normalidade de um jeito definitivo. Minhas coisas são sempre atrasadas, eu tô sempre em cima da hora, sempre perdida, sempre enrolada, ao mesmo tempo em que quase nada acontece.

Eu sei que devia procurar um médico. (Ou, talvez, um louco.)

Mas me limito a sentar e escrever uns rabiscos pra tentar organizar um pouco dessa angústia que eu tô sentindo aqui agora. E me pergunto: quanto mais vai me custar esse jeito distraído de estar no mundo?