quinta-feira, 17 de março de 2011

Entre ser adulto e voltar à infância

Analisando do alto da minha chatice adulta (adulta conológica apenas, porque apesar da idade, não tenho a maturidade correspondente), percebo que o grande problema das crianças é não saber planejar, é não saber pensar no depois, só se preocupar com o agora. Isso, que embora na verdade seja, paradoxalmente, o melhor de se ser criança, acaba gerando situações conflituosas entre os adultos, que se preocupam em seguir todas as regras, e as crianças, que não estão nem aí para elas.

No fundo, creio que o que todo adulto mais queria era justamente não ter de se preocupar com o depois, não ter de planejar nem prever situações futuras para poder agir no presente. As crianças são felizes por não terem esse tipo de preocupação e, as que têm, são notadamente tristonhas, infelizes (porque, em muitos casos, sofrem pressões e as internalizam como preocupações suas).

Deve ser por isso que quando me vejo sob pressão, com problemas ligados à organização do tempo, sinto fortes saudades da infância, o lugar mais seguro que se tem pra ir quando os pensamentos se tornam um emaranhado de pesadas preocupações.

Talvez não faça sentido. Mas nesse momento eu tenho apenas nove anos.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Tempestade noturna


É de noite que os pensamentos vêm. Como se precisassem das estrelas para iluminá-los. Vêm com jeito de tempestade, começando com grandes pingos espaçados que logo se tornam incontáveis, impossíveis de segurar, não restando nada a se fazer além de se entregar a esta chuva que inunda a mente que tenta descansar sobre o travesseiro, onde jazem as ideias da noite anterior, que se abateram ao choque de umas com as outras, na pressa louca de saírem pela porta estreita da consciência.