segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um conto urbano sem final

Sentava-se sozinho num dos bancos da praça próxima à sua casa. Costumava passar muitos minutos e às vezes até horas ali, sozinho. Olhava os transeuntes, mas não os via completamente. Buscava a si mesmo. Tentava saber onde havia ido parar a parte de si que o faria não mais sentir a necessidade de estar sempre só. Uma necessidade como que obrigatória, se é possível entender. No fundo não queria a solidão, mas necessitava dela. A solidão de certa forma o resguardava da responsabilidade de ser companhia.

Uma tarde uma pessoa sentou-se ao seu lado, no banco da praça – era sempre o mesmo banco. Comentava sobre notícias, dizia uma série de coisas, contava-lhe de algumas aflições e tristezas, porém ele sequer fazia comentários em resposta: apenas olhava em alguns momentos, enquanto pensava no porquê desta pessoa ter escolhido a ele para se lamentar sobre as agruras de sua vida, como se sentisse incomodado por lhe terem roubado o silêncio e a solidão.

Até que esta pessoa parou de falar. A cena pareceria um retrato, tamanha estaticização de ambos a olhar para frente, um ao lado do outro. Mas na praça tudo se movia calmamente, sem mostrar haver importância se um ou outro daqueles dois estava ou não ali. No instante seguinte, o olhar que era paralelo tornou-se perpendicular. Incomodado, repeliu o olhar, que se voltou para frente outra vez.

O que unia estas duas pessoas naquele banco era o fato de que ambos tinham modos diferentes de lidar com a mesma aflição: a de estar no mundo e não se sentir parte dele. Um sentia medo, o outro também. Um tentava adaptar-se, outro tentava esquivar-se. E à medida que os minutos foram passando, como que por telepatia um havia compreendido o que havia com o outro, mas ninguém dissera nada a respeito.

A mútua companhia silenciosa daqueles últimos minutos o havia feito perceber que, no fundo, aquele de si a quem procurava nunca havia ido a lugar algum, sempre estivera ali. Porém ele mesmo o mantivera guardado, como senhores que guardam os óculos no bolso e esquecem onde os deixaram.

E agora já não sabiam mais o que fazer.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Poeminha descontraído :)

















Se Felicidade fosse algo de pegar
Seria como um bichinho que foge,
Que ao ver a mão do homem
Corre o máximo que pode

Mas o homem, caçador que sempre foi
Pela fuga dela não se deixaria vencer
Moveria o que preciso fosse
P’ra a Felicidade a ele se render

Para ele não bastaria o contentamento
Nem tampouco a satisfação
Quer sempre ter os bolsos cheios
E também o coração

E de armadilha em armadilha
E de caminho em caminho
Correria o homem – incansável
Sempre atrás desse bichinho

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Pergunto...


...se não seriam todos os acontecimentos calmamente planejados por alguém cujo senso de humor e criatividade são extremamente peculiares. Alguém que se diverte ao ver de uma posição favorável tudo o que aqui embaixo acontece. E, brincando de enganar a si próprio, just for fun aposta no desfecho dos episódios, mesmo já sabendo os seus finais. Aposta com os teimosos de cá que, diante de alguns sinais de que é melhor ir por outro caminho, vão pelo que haviam escolhido, senhores de si. Perdem a aposta, claro. E aquele que já sabia de tudo, mostra quem é o dono do jogo. Ironicamente alguns dos teimosos passam a prestar mais atenção aos tais sinais, mas como são teimosos e também menos sabidos, terminam sempre caindo nas peças que prega aquele que é de todos, sempre o mais sabido.

domingo, 13 de abril de 2008

Celular 1 x 0 Paula


Quem me conhece sabe do meu minúsculo apreço (para usar um eufemismo) pelos celulares. Evitei o máximo que pude, até que no último Natal, fui presenteada com um. Por sorte, um modelo bastante simples: faz e recebe ligações, tem calendário, relógio e despertador. Não baixa mp3, não toca música, não tira foto, nem tem o tal de bluetooth... é apenas um telefone celular =)

Eis que passo a me valer dele para acordar diariamente nas horas certas pra poder fazer as coisas no horário: eu programo, ele desperta, eu levanto. Perfeito. No entanto, deparei-me com uma “nova” função: o modo silencioso. Para mim, que tudo relacionado a celular é novidade, parecia ser uma boa essa de usar o modo silencioso. Assim, caso alguém me ligasse durante o trabalho ou a aula, não haveria interrupções por musiquinhas nem por barulhinhos de vibração – o famoso “grzzzz grzzzz” =

Mas a minha satisfação terminou certo dia quando eu descobri, quarenta minutos atrasada, que quando coloco no tal modo silencioso, O DESPERTADOR TAMBÉM FICA SILENCIOSO. Poxa, tudo bem que eu fui ingênua, mas gente, qual a função de um despertador silencioso?? Nada é tão contraditório! Será que alguém usa o despertador silencioso? O pior foi a raiva em ver o negócio “apitando” mudo e “dizendo”: “Despertador” e ainda dando as opções “soneca” e “sair”... Faça-me um favor né...! ¬¬

Bom, depois de correr e sair de casa em jejum e ainda assim chegar atrasada (afinal nenhum atraso é capaz de impedir o querido banho), cheguei a conclusão que realmente celular é uma coisa do mal, à qual eu (ainda) sou avessa. Mas como tudo (ou quase) nessa vida é também uma questão de adaptação (até as coisas das quais não gostamos muito, mas que em certas ocasiões são necessárias – como é o caso do celular-despertador, para mim, totalmente necessário) ao menos esta lição eu já aprendi: modo silencioso, não!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

I need inspiration too...

Eu preciso de inspiração para manter esse blog. Também preciso de inspiração para pensar no meu trabalho de conclusão da graduação. Seria bom se viesse inspiração também para resolver algumas pendências da vida. E seria ótimo se a gente pudesse encontrar inspiração nas prateleiras da farmácia ou do supermercado =/

A que se pode atribuir inspiração? De onde ela vem? Não sei, mas ela vem sempre sem avisar. Às vezes dentro do trem, ou no meio da rua... Às vezes vem na hora em que estamos quase pegando no sono, com a cabeça deitada no travesseiro, naquela hora em que todos os pensamentos parecem tentar nos impedir de dormir... E às vezes ela não vem, simplesmente.

Eu preciso de inspiração.