domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um menino e um livro


Um menino é só um menino. Ao mesmo tempo um menino sempre traz dentro de si os traços que o ligam àqueles que o geraram e criaram. O menino recebe um par de livros. Novinhos. E são dele. Não sabe bem o que pensar. Esboça um sorriso e olha a mãe. Ela tem pressa, precisa ir trabalhar. Será que ela sabe o que se passa entre o menino e o livro? O livro, assim como o menino, é só um livro. Ao mesmo tempo traz dentro dele as linhas que conduzem para outros mundos. A mãe tem pressa. O menino segura os livros. O trabalho não espera e é tanta coisa pra se resolver... O menino com os livros na mão. A porta mostrando a saída. O livro espera.

Os traços que o menino traz dos pais dentro de si aparecem na dúvida sobre o que pensar ao ganhar os livros. Para quê? É tanta coisa pra resolver. Aparecem na pressa que separa o menino das linhas dos livros. Letra tão miúda! Quase não tem figura. Para quê? O trabalho não espera.

O livro é só um livro. O menino, só um menino. Mas quando se encontrarem sem pressa, serão mais do que livro e menino. O menino nas linhas pra outros mundos. E o livro nos traços que o menino traz é agora porta que mostra a saída. O menino com o livro nas mãos e a cabeça longe, longe. A mãe compreende. Que bom que ele sabe ler!