segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Sexta-feira

Ela estava com pressa. Bolsa pesada, cadernos, agenda e jornal em uma das mãos, na outra uma garrafa d’água. Os cabelos despenteados não chegavam a dar aparência de descuido. Relógio no pulso. Ainda faltavam 30 minutos para o início da aula. Precisava imprimir um trabalho.

Ele estava cansado. Já estava trabalhando algumas horas além do que devia, sem pausa para descanso. Trabalhar o dia inteiro numa sala cheia de computadores era algo realmente fatigante, mas ainda assim aquela era uma boa oportunidade de trabalho, já que como estudante do período diurno, dificilmente conseguiria um emprego melhor.

Ela dirigiu-se então à sala de informática, onde poderia acessar seu e-mail e fazer a impressão. Após esperar por alguns minutos, até que um computador ficasse vago, tentou em vão abrir seu pen drive, que por algum motivo (sobrenatural?) era impedido pelo computador de mostrar o seu conteúdo. Ela então pediu ajuda ao monitor que estava no computador ao lado e, solícito, parecia estar esperando por tal pedido. Auxiliou no que foi preciso, dando-lhe explicações sobre o porque da resistência do computador em exibir o conteúdo do pen drive. Ela então enviou o arquivo para a impressora.

Ao final da impressão foi até o equipamento retirar o material impresso. Eis que o monitor, voltado para a impressora, aguardava com os papéis nas mãos. Ela, que havia notado desde o início a ternura que vinha dos olhos dele, perguntou se havia ocorrido algum problema na impressão. Ele, educado, disse que não, que apenas olhava o documento (que parecia ter despertado algum interesse no rapaz). Perguntou se ela havia extraído aquele material da internet, e a olhava com uns olhos suaves, quase afetuosos. Ela respondeu com olhos igualmente suaves, dizendo que o documento já estava salvo no pen drive.

A conversa muito breve não tinha sentido, senão por aquela leve e agradável troca de olhares.
Poucos segundos que para ambos ajudaram a amenizar o desgaste sofrido ao longo daquela tensa sexta-feira nublada.

5 comentários:

  1. Excelente texto ...

    Em lugares inusitados nascem grandes paixões !!

    Essa troca de Olhares são tradicionais ... hehehe

    Abraço

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  2. as sextas sempre são palco para nascer alguma pauixãozinha nos olhos de uns e outros.
    Tem mais????
    quero mais.
    beijomeligasaudadedocu

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  3. Paulita!!!
    que texto fofo meu... é nos lugares menos prováveis que acabamos passando por situações tão gostosas e únicas...adoreiii de paixão!!! Parabéns fofa!!!
    Beijos pra ti!!!

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  4. hummm.... os olhares...... sempre furtivos e tão interessados!!!

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  5. gostei do texto :) simples e real. ainda bem que essas coisas acontecem, né?

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