sexta-feira, 22 de agosto de 2008

primavera


A verdade é que quase tudo agora me cansa.
É como se tudo que tá pra acontecer fosse velho, já sabido.

Parece com um algo que veio e passou
Levando embora toda a cor, toda a graça.

Eu não sei nem se eu mudei,
ou se as coisas mudaram,
ou se eu só acordei.

Talvez nem isso, nem aquilo, nem aquele.

Talvez só bode, e tudo volte.
Talvez pra sempre, desde agora.
Ou então, sei lá: vamos ver no que dá.

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sábado, 16 de agosto de 2008

anotação

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As coisas ruins são tão contagiosas quanto as boas.
É tudo uma questão de vacina.
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domingo, 10 de agosto de 2008

Poxa, vida...


Um dia a gente acaba tendo que encarar e aceitar que as coisas nem sempre são como gostaríamos ou imaginávamos, ou duram menos do que a gente previa, ou são interrompidas, quando estávamos no auge do aproveitamento. E embora pareça, isso não é conformismo, porque muitas vezes há resistência, há a tentativa de que as coisas não mudem, de que não sejamos retirados da nossa zona de conforto. Mas nem sempre resulta como gostaríamos: as coisas realmente mudam.

Um dia a gente percebe que não importa o quanto se tente, certas coisas não acontecem mesmo e isso não é por incompetência, mas talvez porque não era pra ser.

Uma hora a gente aprende que embora as coisas não sejam permanentes, não quer dizer que não tenham sido sinceras, verdadeiras e intensas e que se elas tornam-se esporádicas, nem sempre é por vontade, mas pelas circunstâncias e o desenrolar louco da vida, vida que vira e mexe altera até mesmo as mais monótonas das rotinas, afastando amigos queridos, diminuindo a freqüência dos contatos, fazendo com que o tempo passe incrivelmente rápido a ponto de nos espantarmos ao ver que já faz muitos meses que não se envia um e-mail, não dá um telefonema, não responde mensagem.

A gente acaba percebendo que algumas amizades, embora sejam deliciosas, não conseguimos manter sempre por perto, e isso não deveria nos tornar canalhas, já que nem sempre o afastamento depende da nossa vontade.

Imagino que se fosse possível, muita gente preferiria viver para sempre no mesmo círculo de convivência, mas a vida nos obriga a ir tomando outros rumos, e outras pessoas chegam, enquanto outras acabam se afastando. Mas isso não significa que nos esquecemos daquelas que a vida afastou da gente, muito menos que fosse uma amizade falsa. Há casos em que não importa quanto tempo passe, ao reencontrar essas amizades que se afastaram, tudo é tão natural que é como se o tempo não tivesse passado. Isso pra mim é um indicativo de que é de verdade, mesmo que não haja um contato constante.

Eu agradeço à vida por ter as pessoas que tenho como amigos. Talvez alguns não tenham idéia do quanto são importantes para mim e talvez eu nunca consiga demonstrar isso. É difícil quando a gente não consegue fazer tudo o que gostaria, quando o tempo passa rápido à nossa revelia. É difícil quando acontecem desencontros, ou quando não dá pra conversar direito porque alguém tá muito ocupado. É difícil não ficar triste de saudade quando ela aperta. Mas é bom saber e lembrar dos momentos bons, das risadas, das besteiras, das conversas...


Me angustia não saber mais como escrever ou dizer. Me angustia saber que nem todos os meus amigos vão ler isto. Talvez alguns achem isso de uma pieguice sem tamanho... Mas o que importa é que todos saibam que mesmo de longe, cada amigo que fiz continua sendo extremamente importante na minha vida.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

(Desabandonando o blog)


Às vezes a gente se sente meio palhaço, fazendo coisas que não gostaríamos de fazer, mas fazemos porque as circunstâncias acabam nos forçando de alguma forma. Assim é com o palhaço que, na frente do público, vestido a caráter com roupas largas, maquiagem e o nariz vermelho, não tem outra alternativa a não ser fazer o papel que lhe cabe, sendo o alvo dos risos.

Claro, isso é uma metáfora (talvez infeliz), a única que me veio à cabeça, pra poder expressar como tenho me sentido pessoalmente. Na verdade, louvo o papel do palhaço, de alegrar as pessoas com seus números cheios de cambalhotas e trejeitos-sem-jeito. Mas o que quero dizer é que o palhaço é alguém por trás daquele nariz vermelho que, mesmo sem querer, está sempre arrancando risos, pelo simples fato de ser um palhaço.

Às vezes não precisamos fazer nada. O simples fato de ser como somos e termos nosso jeito de lidar com as situações, nos torna alvo de algo constante e perturbador. Às vezes alguma situação pode ser passageira, às vezes ela pode ser mais demorada. O fato é que por mais que se tente lutar, e quando se pensa que tudo já passou, lá estamos de novo mergulhados na mesma, com todos ao redor esperando pelas cambalhotas.

E as cambalhotas, e flores que atiram água, e os trejeitos-sem-jeito não são mais do que pedidos de atenção e tentativas infrutíferas de conversas. O respeitável público muitas vezes nem está lá de fato, não sendo nada além de alguma entidade que nos faz agir como se não tivéssemos mesmo saída, e para este pseudo-público, fazemos nossos números, arrancando as risadas mais sarcásticas que alguém já escutou.

Acho que a metáfora foi mesmo infeliz, ou a explicação foi confusa. O fato é que tenho me sentido meio palhaça, por sentir coisas involuntariamente, mediando brigas entre emoção e razão e saindo sempre prejudicada. Mas nem por isso desabono o palhaço que, mesmo diante do público mais sério, conquista sempre ao menos um dentre milhares e deste um, arranca risos sinceros e satisfeitos. É o que lhe motiva a continuar sendo palhaço: a consciência de que de alguma forma seu papel vale toda a pena, o que não se aplica a mim, já que na verdade, embora às vezes pareça, eu não sou um palhaço.