sábado, 21 de novembro de 2009

Novelinha mexicana

Saiu andando rapidamente. Lágrimas discretas escorriam de seus olhos enquanto deixava para trás um rastro de firmeza, de certeza. Para trás ficaram também aquelas pessoas que a olhavam: alguns com pena, outros admirados, outros assustados. Nenhum deles sabia de verdade o que tinha acabado de acontecer, ou talvez até soubessem.

Um noivado de aparências que já durava seis anos aos trancos e barrancos e que estando ruído por dentro, não resistiu à descoberta de um fato concreto que colocaria finalmente um ponto final a uma história esvaziada de sentido, de paixão, de verdades.

Ela era uma mulher que com seus vinte e seis anos ainda não tinha certeza do que queria para sua vida, mas sabia exatamente o que não queria... clichê típico de mulheres cuja personalidade ainda está em formação, mas que não a tornava menos interessante.

Ele era um cara tipicamente imaturo aos vinte e nove anos. O pedido de casamento foi feito mediante uma cena tão romântica quanto piegas em que houve até posição de joelhos e lágrimas nos olhos – dela. Amor construído na faculdade, quando ambos tinham as mesmas fantasias de um futuro fantástico com viagens de exploração pelo novo continente, filhos feitos entre fronteiras dos mais diversos países, e um espírito de luta.

Seis anos depois tudo aquilo foi virando pó à medida em que as horas passavam e os dois cada vez mais se viam caminhando por direções desencontradas... ela já não sorria mais ao atender os telefonemas dele. Ele já não lhe abria mais a porta do carro.

Nunca chegaram a sair do país juntos, portanto também nunca fizeram filhos em qualquer lugar do mundo. O espírito de luta havia esvaído-se aos poucos, quando a cada semana viam o arrefecer daqueles ideais que antes pareciam-lhes tão possíveis.

Por mais que se tentasse remediar, não dava mais. Tudo havia chegado ao limite. Não havia mais como continuarem vivendo juntas duas almas tão diferentes.

Ele fora flagrado com outra, por ela.

O flagrante nem significava muito por aquilo que era, mas pelo que poderia proporcionar. O final de um relacionamento longo e decadente. Sem que tivesse que levar em conta os protocolos sociais que o fim daquela relação custaria. Famílias que se haviam ficado tão satisfeitas pela união, já dada como eterna, de repente viam tal reação incisiva vinda da jovem e doce que sempre fora tão compreensiva.

Mas tratava-se de uma questão de sobrevivência, de dignidade. E o fim - afinal - aconteceu.

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