sábado, 1 de março de 2008

Flor de capim


Toda vez que avistava uma daquelas flores amarelas de pétalas finas – até quase feias, se comparadas a outras flores – sentia saudades de sua infância. Naquele dia dirigia-se ao trabalho, era uma manhã cinza quando de dentro do ônibus viu no chão do parque algumas daquelas flores tão simples, tão amarelas, que dentre o verde do capim reluziam lembranças tão pueris. Recordava de quando, junto às outras crianças, colhia pequenos maços das tais flores entre uma e outra pausa nas brincadeiras de correr. Naquele tempo os dias passavam em outro ritmo e o contato com flores, capins, tatuzinhos e pequenos caracóis de jardim faziam parte da rotina. Lembrava-se de como era boa a sensação de não ter preocupação, a não ser a de como aproveitar o tempo de lazer da forma mais proveitosa (embora esta sensação não fosse de fato sentida, já que crianças nem pensam sobre isso).

Mas todas essas pensações haviam durado apenas poucos minutos, que foi o tempo em que o ônibus encontrava-se parado pelo sinal vermelho, no caminho de casa para a estação de trem, onde disputaria um lugar num vagão até seu destino, até sua rotina adulta, até seu trabalho. E as lembranças trazidas pela flor de capim eram agora substituídas pelas imagens do futuro que os trilhos do trem a faziam imaginar enquanto aguardava na estação.

Um comentário:

  1. ainda nem te vi esse semestre!
    Mas tb, só tô indo pra USP de segunda...

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