quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Voar...


Ele adora a sensação do vento nos cabelos, no rosto e até a leve falta de ar, causada pela velocidade. Gosta de planar e ver tudo movendo ao redor. Toda vez que tem a possibilidade de voar, nem que seja por poucos segundos, sempre o faz com gosto, pois não é o tempo todo que isso acontece, já que não nasceu na classe das aves e, portanto, não possui asas...

Na verdade ele não escolhe os momentos de vôo, estando sujeito à vontade alheia. Não se tem certeza se de fato ele gostaria de ter nascido com asas, afinal um bebê ainda não sabe se expressar verbalmente, talvez não saiba nem o que gostaria de ser... Mas a expressão de alegria em seu rosto durante os curtos rasantes é contagiosa!

Ele nunca falou sobre se gosta mesmo de voar, mas os que o vêem podem aferir isto facilmente, pelos risos que se soltam de seu rosto e os olhinhos que se arregalam curiosos.

Aos seis meses de idade, ele “voa” nos braços dos mais velhos e com sua risada enche de satisfação estes que tanto apreciam fazê-lo feliz e que tentam, como podem, tranqüilizá-lo em seus momentos de “dificuldade”, como quando a mamadeira atrasa alguns minutos ou quando os brinquedos lhe caem das mãos – que ainda não apresentam total destreza para procurá-los e pegá-los de volta quando estão longe.

Ele gosta de voar, mas talvez quando crescer não se lembre mais disto. Provavelmente não se lembrará de como disputávamos para ver quem o faria dormir, quem daria mamadeira, quem o pegaria no colo quando estivesse manhoso ou quando acordasse assustado de seus cochilos.

Ter um bebê em casa é uma experiência transformadora. E eu, apenas na posição de tia, me sinto também responsável pelo desenvolvimento dele; me sinto preocupada com o mundo no qual ele nasceu, vai crescer e se tornar adulto. Imagine o pai e a mãe...

Penso que trazer alguém para o mundo é algo muito difícil, porém mágico. Não me atrevo a dizer que “ser mãe é padecer no paraíso” ou qualquer outro clichê, afinal até agora só estou para titia...rs. Mas é que desses seis meses que tenho acompanhado minha irmã e meu sobrinho, pude perceber que a experiência de ter um filho é uma das coisas mais revolucionárias para um ser humano.

Provavelmente quando for adulto, ele não se lembre de quando era um bebê, mas nós lembraremos. E acho importante que ele cresça sabendo que sempre teve muita gente ao redor dele disputando seus sorrisos, seus pulinhos, suas palavras que não entendemos. E que conforme for crescendo, ele saiba que as pessoas não são todas iguais, não têm sempre as mesmas chances, assim como não têm as condições todas iguais, mas nem por isso são menos ou mais importantes.

Espero que quando ele crescer, consiga voar mais alto do que nós o fizemos, para que possa alcançar, junto com os outros da geração dele, aquilo que até agora não conseguimos. Que ele faça parte de um mundo melhor e que ele atue na construção e manutenção dele. Espero que ele tenha sempre estes olhos curiosos que tem hoje. E que alce vôos cada vez mais altos. Ele parece mesmo gostar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Atire por esta janela suas impressões sobre este post. Sinta-se à vontade para defenestrar o que quiser: elogio, reclamação, dúvida, angústia, sugestão...
Só não vale usar de má educação. O respeito deve vir em primeiro lugar!