domingo, 4 de maio de 2008

Vida


Existe algo que me atordoa, mas não sei direito o que é.

Tem a ver com o ar que se respira; com o trem que lota; com a chuva que alaga; com as pessoas que passam e vão; com as catracas, bilhetes e placas; com carros na contramão; com piadas de mau gosto; com restaurante sem tempero; com almoço de domingo, família, tevê, macarrão, passeio...; tem a ver com o que eu quero dizer mas não sei como; com o silêncio que alardeia; com a indiferença que maltrata; com a resposta que não chega; com a carta extraviada. Tem a ver com o que não cabe nas mãos; com o que esvazia o coração; com o que não faz falta e o que tem precisão.

Tem a ver com a vida e todas as perguntas das quais ainda não sei a resposta (provavelmente jamais saberei). Tem a ver com você que lê isto enquanto imagina se tudo isso faz sentido. Tem a ver comigo, com meus pais, minha irmã, meus amigos. Tem a ver com um deus que existe, mas não para todos e não com o mesmo nome. Tem a ver com o mundo doente e com a natureza cansada. Tem a ver com a paz sonhada, com a violência mascarada e descarada.

O que me acomete talvez seja a perplexidade em relação à Vida e sua louca forma de se descortinar, sua forma de estar calada enquanto tudo explode, enquanto tudo acontece ao mesmo tempo. E sua capacidade de seguir indiferentemente, apesar de tantos impedimentos ou percalços. A Vida e sua mágica fazem-me de vez em quando imaginar o quão importante deve ser cada uma das medíocres vidas que pela Vida passam...

2 comentários:

  1. Que complexaaaa vc heim

    mas o texto é muito lindo... faz agente pensar naquilo que também nos deixa em aguniaaa

    valew por criar esse blog... muito legal!!!!

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  2. ... deve ter a ver com tentar sentir TUDO ao mesmo tempo... deve ter a ver com a certeza incontornável de se saber ser pra sempre apenas uma parte. Deve ter a ver com o estranho espetáculo da coreografia improvisada de todas as partes, né?!

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