quinta-feira, 25 de junho de 2009

rain


Escorro pelo vidro como algo disforme, sem cor, sem significado. Desço pelas folhas ainda verdes que se curvam ao meu peso e imprimem a mim nova velocidade. Caio sobre um rosto borrado e me misturo a lágrimas salgadas e amarguradas de alguém que anda sem rumo no meio da rua. Acumulo no meio fio e alago a calçada fazendo molhar os sapatos da moça chique e decidida que desce do carro estacionado. Desmancho os cabelos do rapaz que tanto se empenha por mantê-los alinhados. Cometo os maiores desastres que posso antes que minha aparição termine. Procuro cair de forma marcante e arrasto porções de vida de quem para mim olha e aos céus amaldiçoa pelo inconveniente. Chovo. Borro a paisagem. Caio no chão e me infiltro na terra. Mergulho no mais profundo até não poder mais ser encontrada. Depois volto para a atmosfera, para outra nuvem, até cair novamente.

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Só não vale usar de má educação. O respeito deve vir em primeiro lugar!