terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Tudo Novo de Novo...?

Mais um ano letivo começou nessa segunda feira. Tudo novo de novo. E também um pouco mais do mesmo... Muda o ano, a gente espera que as coisas sejam diferentes e a gente se esforça pra isso. Só que eu não sei de onde tem vindo (acho que sei sim) um certo desânimo. Acho que sei de onde vem, deve ser pela sensação de impotência, por saber que não dá pra fazer tudo que a gente gostaria, por mais que a gente queira, por mais que tentemos, simplesmente porque só podemos fazer até onde depende da gente, quando passa a depender do outro, já fica mais complicado...

Eu sei que tem alguma coisa bem forte que me fez entrar na Educação. Eu nem sei explicar direito o que é, mas tem a ver com uma vontade de fazer parte, de participar, de poder fazer trocas, de tentar melhorar o país, o mundo, de ajudar na formação das crianças, pra ajudá-las a enxergar o mundo de outras maneiras... Talvez pareça pretensioso, mas se não for assim, pra que é que a gente está lá afinal? Acho que muitos professores também devem pensar assim, ou pensaram algum dia...

Eu sempre me falei que a partir do momento em que eu deixasse de acreditar na possibilidade de que isso tudo aconteça, eu desistiria, faria outra coisa da vida... Eu temo que esse momento esteja perto. Mas não tenho certeza.

É que eu estou vivendo um tempo de total descrença, e de um certo desânimo. Mas sinto que ainda é cedo pra desistir, eu sei que devo tentar mais, tentar de outras formas. Vou continuar tentando. O problema é essa sensação pesada de que existe algo muito maior jogando contra e que tentar vencer isso é desperdício de energia e que não vale a pena, que é impossível vencer essa força que joga contra.

"O sistema" é assim, "o sistema" não permite, "o sistema" estabelece. Essa entidade sistema joga contra. E ao mesmo tempo eu também estou dentro dele, faço parte dele. Mesmo não querendo, faço parte disso. Por mais que a gente dentro da escola saiba que existem um monte de questões que envolvem a dificuldade de aprender, a indisciplina, a violência, várias demandas, por mais que se tente compreender e até resolver na medida do possível, não conseguimos! Não conseguimos abraçar tudo, porque simplesmente é muita coisa com a qual temos de lidar, mas que infelizmente não é possível. E algumas perguntas para as quais ainda não consegui encontrar respostas satisfatórias: qual é de fato o papel da Escola? O que compete à Escola? Até onde a Escola deve atuar na formação dos alunos? Qual o limite entre ações escolares e ações familiares? Refletir sobre tudo isso é um exercício permanente, mas que não deveria estar restrito só à comunidade escolar. Toda a sociedade devia começar a se movimentar, pra tentar responder essas questões, pra definir o que espera da Escola, que Escola quer, penso eu...

Eu comentei no blog da Mari Migliacci sobre o nosso sistema público e ali demonstrei um pouco da minha triste desesperança, apesar de ainda manter o sonho, o desejo de que as coisas melhorem. Depois que postei meu comentário fiquei pensando muito... Será que é minha hora de sair, de desistir? Será que a gente consegue mudar algo que é tão poderoso, tão grande, tão engessado?

Ao mesmo tempo, penso: se eu saio, vou estar desistindo... se eu continuo, posso tentar fazer parte do processo que pode levar a uma mudança boa e possível, mas lenta... ao mesmo tempo, se continuo, posso apenas continuar me frustrando...

Ser professora é algo que eu queria há muito tempo. Eu gosto e respeito este ofício. Mas a Escola está insustentável. A Escola continua a mesma num mundo que há muito não é mais o mesmo, onde as pessoas não são mais as mesmas, nem as necessidades são mais as mesmas.

Sinceramente eu não sei o que vai ser. Mas por enquanto eu continuo tentando.


Daí tava aqui ouvindo Paulinho Moska e foi desta música que veio o título da postagem.



"Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim

Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel

Gritando nada é tão triste assim

É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser

Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou


E vamos terminar
Inventando uma nova canção

Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou
Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos"


Gosto dessa música, gosto da letra também. Embora algumas pessoas discordem, ela me passa um certo otimismo, do qual eu estou precisando muito.

E esse otimismo começa a me chamar de novo, porque afinal de contas, começo a lembrar do quanto é bom estar em contato com os alunos, apesar de ao mesmo tempo haver algumas situações difíceis (dadas pelo contexto no qual a Escola se encontra). Ser professor é, afinal, ser otimista...

PS: Essa postagem não pretende ser um texto sério, para reflexão, mas tão somente um desabafo, carregado de incertezas, de oscilações, até pequenas contradições... ora mostra pessimismo, ora mostra esperança... A música talvez nem tenha nada a ver com nada, mas como eu a estava ouvindo enquanto escrevia, senti vontade de compartilhar. Enfim, isto são só rabiscos, pensamentos que passam pela cabeça de uma professora em começo de carreira, que frequentemente se vê perdida em meio ao complexo e, ao mesmo tempo, encantador e assustador mundo da Educação.

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Só não vale usar de má educação. O respeito deve vir em primeiro lugar!